Perdidos nos incentivos? 4 erros comuns das empresas
Perdidos nos incentivos? Programas como o PT2030, o PRR – Plano de Recuperação e Resiliência e iniciativas europeias como o Horizonte Europa representam, hoje, uma oportunidade única para acelerar o crescimento sustentável das empresas e permitir que se destaquem em termos de inovação. No entanto, apesar das inúmeras oportunidades de financiamento disponíveis, muitas empresas continuam a não submeter candidaturas ou mesmo a reduzir o seu potencial de apoio por erros que poderiam ser facilmente evitados.
Com base na experiência acumulada na Ayming, identificámos quatro dos erros mais frequentes cometidos pelas empresas quando procuram aceder a fundos públicos – e formas práticas de os ultrapassar.
1. Procurar financiamento demasiado tarde
É frequente que as empresas considerem a possibilidade de recorrer a incentivos apenas numa fase muito avançada, ou seja, perto da altura de submissão da candidatura ou mesmo quando o projeto planeado internamente está prestes a arrancar. O problema é que, muitas vezes, as empresas apresentam um plano de investimentos mal estruturado e pouco claro, sem ter em conta os requisitos técnicos e financeiros dos programas. Este desalinhamento não só pode inviabilizar a candidatura, como também comprometer a sua qualidade, reduzindo significativamente as hipóteses de aprovação.
Como evitar: antecipar desde cedo o plano de investimentos, acompanhando os avisos de abertura de candidaturas e preparando a documentação necessária com a devida antecedência.
2. Não alinhar o projeto com os critérios do programa
Outro erro comum é tentar “forçar” um projeto a enquadrar-se em avisos que não correspondem aos seus objetivos ou características. Esta abordagem reduz significativamente a probabilidade de sucesso, uma vez que cada programa tem critérios de elegibilidade muito específicos, que podem incluir a dimensão da empresa, o setor de atividade ou o tipo de investimento previsto.
Por exemplo, enquanto o PRR privilegia fortemente projetos ligados à transição digital e climática, o Portugal 2030 define prioridades regionais e setoriais que exigem um enquadramento muito concreto.
Como evitar: analisar detalhadamente os regulamentos de cada aviso e, se necessário, ajustar o projeto ou aguardar por uma linha de apoio mais adequada.
3. Subestimar a componente técnica
Muitas empresas concentram-se apenas no aspeto financeiro, esquecendo que, na fase de avaliação das candidaturas, a robustez técnica do projeto é igualmente valorizada.
Quer se trate de programas de inovação produtiva, qualificação ou internacionalização no PT2030, ou de linhas específicas do PRR para transição digital ou eficiência energética, a falta de detalhe técnico – metodologias, calendarização, métricas de impacto – pode reduzir significativamente a avaliação do projeto.
Como evitar: garantir que a componente técnica é preparada em paralelo com a financeira, assegurando a coerência entre ambas e apresentando sempre indicadores claros de impacto, competitividade e sustentabilidade.
4. Desvalorizar a componente de I&D
Nos programas mais ligados à investigação e desenvolvimento tecnológico, como o SI I&D do PT2030 ou o Horizonte Europa, o detalhe da componente de I&D é absolutamente determinante.
A ausência de uma descrição clara das atividades, de uma fundamentação sólida da sua relevância, da demonstração do fator novidade e de indicadores de progresso e resultados pode comprometer seriamente a candidatura, seja em regime individual ou em co-promoção.
Como evitar: descrever e justificar bem a necessidade das atividades de I&D, evidenciando de que forma irão resultar numa solução que, até à data, não existe no mercado. Estruturar a descrição com elevado nível de detalhe e envolver as equipas técnicas desde o início, garantindo que os objetivos de investigação estão alinhados com a estratégia empresarial.
Perdidos nos incentivos? Conclusão
O acesso a incentivos públicos – sejam eles do PRR, do PT2030 ou de programas europeus como o Horizonte Europa – não deve ser visto apenas como uma oportunidade pontual de financiamento, mas sim como uma ferramenta estratégica para acelerar o crescimento e a inovação. As empresas que encaram o financiamento como parte da sua estratégia de inovação conseguem não só captar apoios, mas também reforçar a sua competitividade a longo prazo.
Para isso, é essencial planear atempadamente, alinhar cada projeto com os programas disponíveis e valorizar a sua componente técnica.
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